segunda-feira, 23 de junho de 2008

EDIVAL PERRINI


Nascido em Curitiba - PR, em 23 de outubro de 1948, Edival Antonio Lessnau Perrini é um poeta que contribui significativamente para a efervescência literária do sul do país, presenteando a poesia brasileira com seu estilo conciso e seguro. Formado Médico pela Universidade Federal do Paraná, em 1973, especializou-se Psiquiatra pela Associação Brasileira de Psiquiatria e Psicanalista pela Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. Com Cleuza, tem uma história de vida, três filhos- Luciana, Rodrigo e Cláudio- e uma neta, Giovanna. Criou e participa do grupo Encontrovérsia, de estudo e crítica literária, desde 1980.
LIVROS PUBLICADOS: ENTRE SEM BATER, poemas e crônicas, Ed. Rosário / Feira Intercolegial Estudantil do livro,Curitiba PR, 1972. POEMAS DO AMOR PRESENTE, poemas, Ed. Beija-Flor, Curitiba PR, 1980. OLHOS DE QUITANDA, poemas, Ed. do Autor, Curitiba PR, 1986. POMAR DE ÁGUAS, poemas, Ed. Kugler Artes Gráficas, Curitiba PR, 1993. ARMAZÉM DE ECOS E ACHADOS, poemas, Ed. do Autor, Curitiba PR, 2001. FANDANGO DO PARANÁ: OLHARES, prosa sobre fotos de Carlos Roberto Zanello de Aguiar, Ed. Optagraf, Curitiba, PR, 2005.


Confira alguns poemas deste grande poeta contemporâneo:


A SETA E O ALVO


Lavar o rosto das manhãs
e esperar o sol
de um dia sem máscaras.


Abrir-se em tato,
respirar o que sobrou da noite:
desenhar um caminho.


*************************


VÉRTICE


Homem em pé sobre a canoa
pesca a manhã de cada dia,
noventa graus de poesia.


(in Pomar de Águas)


***************************


No olhar curioso do aprendiz,
o potencial da semente.
Na habilidade do mestre que ensina,
a esperança do semeador.


(in Poemas do Amor Presente)


****************************


RUSH


Buzinas espalham pardais
no ocaso congestionado:
é caco de pio pra tudo que é lado


(in Traços do Ofício)


*****************************


domingo, 15 de junho de 2008

JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO

Poeta homenageado do mês de março no "Tomando chá com um poeta", José Inácio Vieira de Melo nasceu em Olho d’Água do Pai Mané, povoado do município de Dois Riachos, Alagoas, em 16 de abril de 1968. Está radicado na Bahia desde 1988. Poeta, jornalista (UFBA) e mestrando em Literatura (UEFS), é co-editor da revista de arte, crítica e literatura Iararana e colunista da revista Cronópios. Publicou os livros Códigos do Silêncio (2000), Decifração de Abismos (2002), A Terceira Romaria (2005) e A infância do Centauro (2007). Organizou Concerto lírico a quinze vozes – Uma coletânea de novos poetas da Bahia (2004). Sua poesia tem sido destacada por nomes importantes da literatura brasileira contemporânea, como Gerardo Mello Mourão, Lêdo Ivo, Ruy Espinheira Filho e Moacyr Scliar, que afirma: “Teu caminho é grandioso, José Inácio. Tens um indiscutível, notável talento poético, um talento que faz de ti uma das grandes vozes da nova poesia brasileira”.

Participe de sua comunidade:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=11984666

O poema abaixo tem sido um dos mais comentados nos encontros das manhãs de sábado do CHÁ COM LEITURA na praça:


GÊNESE


Sabe, moça da encruzilhada,
quando te encontrei foi um assombro.
Tu trazias estampada no semblante
a indagação que me acompanha.
O mais espantoso é que também
eras a resposta que sempre busquei.

Não aquela resposta exata, matemática.
A verdade que tua chegada me trouxe
foi a das abelhas zunindo no romper da aurora
em busca do mel das flores das algarobeiras,
foi a dos cavalos galopando na boca da noite
sonhando com touceiras de capim e éguas luzidias.

Ah, moça, tu estás no centro da Rosa dos Ventos,
pra onde deres o passo é caminho o que há.
A gente olha pra cima e não vê limite
:é tudo um azulão que não acaba mais.
Mas basta dar meio-dia, o limite aparece,
e não é longe não: bem na boca do estômago.

Sabe, vou te dar um chapéu do tamanho do céu,
que é pra te proteger dos devaneios solares
e pra que todos te percebam e apontem para ti:
“olha lá a moça que sombreia o mundo”.
E todos vão te olhar e todos vão te aplaudir
e o arco-íris vai ficar preto-e-branco de inveja.

Aí, um passarinho desses bem miudinhos
que trazem uma sanfona de cento e vinte no peito,
vai aparecer e assobiar uma cantiga doce:
e a gente, espiando bem dentro dos olhos,
começa a sentir um monte de estrelas pipocar:
É isso, quanto te encontrei, nasci.


José Inácio Vieira de Melo

wwww.jivmcavaleirodefogo.blogspot.com