quinta-feira, 4 de novembro de 2021

FRANCISCO GREGÓRIO, UM ENCANTADOR DE MOMENTOS!

Há muito tempo não trago novidades aqui para o nosso "Chá com Leitura". Mergulhada na pesquisa científica, não tinha tempo para a poesia, para as histórias, para um papo tão agradável quanto o de ontem. Francisco Gregório tem promovido esses encontros de leitura, de 'ledores' e 'fazedores' de histórias. O que eu fiz para ser merecedora de um momento tão mágico, a convite de um 'mago dos livros', que conta, canta, encanta pessoas de todas as idades?

Falamos de projetos de leitura, de poesia, contamos nossas histórias, nos emocionamos e criamos laços de muito carinho, mesmo não nos conhecendo: Maria Elvira, Lili e eu. Todas conhecemos o Gregório, todas amamos o Gregório, todas somos sua seguidoras e admiradoras - suas discípulas.

Francisco Gregório mantém um canal no YouTube que, especialmente nesses tempos tão sombrios, é uma visita necessária para alimentar a magia e a esperança.

Compartilho aquele momento maravilhoso com vocês!

Beijoooooo!

Inscrevam-se no canal de Francisco Gregório Filho!








sexta-feira, 2 de março de 2018

PENSAR FILOSOFICAMENTE - um livro para aprender a filosofar



Para que serve a filosofia?

Se forem tomadas como base as necessidades imediatas das pessoas, pode parecer que a filosofia é inútil. Elas se movem pela urgência em ganhar dinheiro, querem que os filhos entrem para a universidade, querem passar em algum concurso público, querem trocar de carro, viajar, entre outras coisas, algumas necessárias e outras supérfluas. As pesquisas científicas mais valorizadas são as que buscam cura para doenças e as que promovem os avanços tecnológicos. Assim, com base nessa linha de pensamento, a filosofia parece inútil, pois não contribui para esses ganhos imediatos que movem os seres humanos.
Entretanto, a filosofia é extremamente necessária, já que lança um olhar amplo sobre todas as descobertas, sobre a vida humana, sobre o desenvolvimento das sociedades, buscando respostas para as questões que surgem de cada acontecimento. Ao “pensar o pensamento”, a filosofia questiona incessante-mente todas as coisas, possibilitando que se reconstrua continuamente o já construído. Por esse caráter transformador do pensamento filosófico, muitos o veem como perigoso, pois  desestabiliza o poder constituído e as verdades apresentadas como normas, confrontando o poder.
Ou seja, como a coruja que chega no início da noite  e lança seus grandes olhos sobre as cidades, a filosofia  busca lançar o  olhar sobre os fatos e fenômenos que já aconteceram, consistindo numa disciplina que surge depois de todos os acontecimentos, com a finalidade de  analisar o que foi dito, o que ocorreu, os efeitos do ocorrido sobre as pessoas e sobre o mundo. Como a coruja, ela sobrevoa a cidade  somente depois que  a noite  já caiu sobre o dia, para observar com seus olhos redondos e arregalados o mundo e as pessoas. Através da filosofia, o homem observa e reflete sobre o mundo, para então trazer análises, ponderações e respostas para as perguntas que ficaram no ar.
Etimologicamente, a palavra “filosofia” é formada por duas partes: philos + sophia, e significa “amor à sabedoria” ou “amizade pelo saber”, o filósofo seria aquele que ama e procura a sabedoria. De acordo com o  filósofo alemão Immanuel Kant,

(...) só é possível aprender a filosofar, ou seja, exercitar o talento da razão, fazendo-a seguir os seus princípios universais em certas tentativas filosóficas já existentes, mas sempre reservando à razão o direito de investigar aqueles princípios até mesmo em suas fontes, confirmando-os ou rejeitando-os;(1983, p.407-408)

            Assim, na visão de Kant, mesmo que você estude o pensamento dos grandes filósofos (e é importante essa leitura), o mais importante é aprender a filosofar, aprender a refletir por si próprio(a), analisando o que lhe foi dito antes de aceitar um discurso como verdadeiro. É preciso aprender a confirmar ou rejeitar as ideias e conceitos que são apre-sentados cotidianamente como verdadeiros. Ou seja, a filosofia é uma experiência em que a pessoa passa a pensar sobre tudo, permanentemente. A filosofia é uma atitude diante da vida, tanto no dia a dia como nas situações difíceis diante das quais precisamos tomar decisões importantes.
            Assim, tendo a oportunidade de aprender filosofia, é importante sair da sua posição de passividade e buscar desenvolver uma atitude filosófica, passando a refletir criticamente e a investigar fatos e verdades prontas antes de reproduzir um discurso ou atitudes que podem não ser o que parecem.

(NUNES, Ana Idalina Carvalho. Pensar Filosoficamente. Juiz de Fora, edição do autor, 2018.). Transcrição exata das p. 14 - 15.).

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Texto da contracapa

Este livro traz uma compilação de saberes filosóficos que, além de possibilitarem a compreensão do processo de construção do conhecimento, fornecem  instrumentos  para uma apropriação efetiva do discurso, pré-requisito para o sucesso na vida acadêmica, profissional e pessoal. O livro está dividido em três partes que abordam, respectivamente, a gênese do pensamento filosófico, a estruturação da argumentação lógica e os temas que movem a filosofia contemporânea. A partir de uma metodologia que visa dar autonomia aos aprendizes, a obra é indispensável para os que pretendem ingressar na universidade, já que traz para alunos e alunas os instrumentos necessários para a compreensão de enunciados em provas de concursos e para a construção de uma argumentação consistente na produção de textos dissertativos. Por outro lado, o livro traz uma filosofia voltada para a vida prática, aplicada à profissão, à vida social e pessoal, elegendo o discurso e o diálogo como elementos fundamentais para o pertencimento social. Sob esse aspecto, torna-se possível afirmar que os conhecimentos transmitidos nesta obra podem contribuir muito para que os leitores e leitoras tenham uma vida melhor.


                                                                   A autora


          Nascida em 30 de dezembro de 1960, na cidade de Cataguases (MG),  Ana Idalina Carvalho Nunes é escritora, professora e pesquisadora. Bacharela e licenciada em Filosofia, é especialista em Filosofia Política e mestra em Ciências Sociais. Toda a sua trajetória acadêmica ocorreu dentro da Universidade Federal de Juiz de Fora, onde também cursou “Filosofia para crianças” (Núcleo de Pesquisa Pensando Bem), atuando também como colaboradora no PIDET - Programa de Identificação e Desenvolvimento de Estudantes Talentosos (PPGPSI, 2013), orientando jovens com altas habilidades no Colégio de Aplicação João XXIII. Foi coordenadora municipal de cultura de Cataguases (2001-2002) e editou, entre 1995 e 2000, a revista de literatura e arte “Pensaminto”. Pensar filosoficamente é o quinto livro publicado de Idalina, todavia, é o primeiro livro didático. Sua produção que, inicialmente, estava exclusivamente voltada para a área literária, apresentou uma nova fase que se iniciou com a publicação, em 2017, do livro Criminalizar para punir: a dinâmica de neutralização da juventude pobre e negra no Brasil. A obra é resultante de uma pesquisa científica iniciada em 2012 e ainda em curso. Os três livros anteriores a esses são: Beijar, ficar e outros verbos adolescentes (2015), Meandros: poemas e minicontos (2010) e  Quase pecado: poesia e prosa (2001).

Contato com a autora:  aicn.editora@gmail.com

Para conhecer melhor a obra da autora, visite:
https://estudosobreocarcere.wixsite.com/idalinacnunes
http://idalinadecarvalho.blogspot.com.br/
http://artigosfilosofia.blogspot.com.br/

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

ACESSO GRATUITO A ARTIGOS DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS SOCIAIS


          O site "Estudos sobre o cárcere" está disponibilizando, além de artigos, dissertação e resumos publicados em anais de eventos sobre o tema "prisões", também um acervo considerável de artigos acadêmicos do campo da Filosofia e das Ciências Sociais. Bacharela e licenciada em Filosofia, com especialização em Filosofia Política, a criadora e administradora do site decidiu compartilhar  os artigos produzidos ao longo dos últimos sete anos de vida acadêmica, gratuitamente. 

Entre os artigos de Filosofia disponibilizados, estão os abaixo relacionados:

1. A educação, a família e a mulher na visão dos filósofos clássicos gregos;
2. A mulher: entre A República de Platão e a Política de Aristóteles;  
3. A filha de Pandora: da Grécia antiga à sociedade contemporânea;
4. Fedon IV: a busca da verdade;
5. Em si e para si: um esboço metafísico (Sobre  "O ser e o nada", de Jean-Paul Sartre);
6. O ser humano e o conhecimento em Aristóteles;
7. Liberdade e facticidade: a situação (Sobre a obra de Jean-Paul Sartre;
8. As fronteiras do oceano cósmico (Sobre a obra de Carl Sagan);
9. Semelhanças e divergências entre Dostoiévski e Nietzsche;
10. Entre quatro paredes: análise da personagem Estelle (sobre a obra de Jean-Paul Sartre).   

Entre os artigos do campo das Ciências Sociais, já estão disponibilizados no site:

1. O que é etnometodologia?
2. Discussão sobre textos de Antropologia: Bronislaw Malinowski, Clifford Geertz, Margareth     Mead, Foote White, Howard Becker e José G. C. Magnani;
3. Marx, Durkheim e Weber: o desenvolvimento do mundo moderno;
4. Rap: a voz da quebrada;
5. Conversão religiosa na prisão: paradoxos;

           O acervo de artigos deverá ser acrescido em pelo menos 70% até o final da primeira quinzena de dezembro e, além dos textos, são também disponibilizados pequenos documentários em forma de vídeo, com a síntese de livros publicados pela criadora do site.
          Para os interessados, o endereço do site é: 

https://estudosobreocarcere.wixsite.com/idalinacnunes






sábado, 7 de outubro de 2017

UM LIVRO QUE DISCUTE A RELAÇÃO ENTRE O NEOLIBERALISMO E O ENCARCERAMENTO

CRIMINALIZAR PARA PUNIR

        A pesquisadora e professora Ana Idalina Carvalho Nunes lançou, no dia 19 de agosto último, o livro que traz sua pesquisa realizada dentro do presídio de Cataguases entre os anos de 2012 e 2013. Com o título "Criminalizar para punir: a dinâmica de neutralização da juventude pobre e negra no Brasil", o livro traz um estudo sobre o sistema punitivo através dos tempos, traçando uma análise dos efeitos das políticas econômicas sobre o encarceramento de jovens pobres no Brasil, fazendo um recorte na situação de alunos que cursavam a escola prisional de Cataguases entre os anos de 2012 e 2013. O coquetel, preparado pela Tudibom - cozinha artesanal, de  José de lelis,  contou com a presença de diversas autoridades, entre elas o secretário Municipal de Educação, José Fernando Milani, o Secretário Municipal de Cultura, Fausto Menta, A supervisora da escola prisional, Elaine Rafino Silveira, além das professoras Lígia Siqueira, Luciana Nazar e Valéria Dias. Esteve também presente agente de segurança e acadêmico em Direito, Eduardo Carvalho, a coordenadora do programa AdoleSer, Ana Maria Dias, a assistente social Evelyn Moreira, da cidade de Juiz de Fora, dentre outros convidados ilustres e familiares da autora. Confiram as fotos do evento.

      Emerson Soares Albano, um dos que participaram da pesquisa, hoje é atleta do jiu-jitsu, consagrado campeão de vários torneios no estado do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Aliás, o epílogo do livro foi assinado por ele, que fez questão de contar de maneira breve, a sua história: 

                                                      
A HISTÓRIA DE UM CAMPEÃO
Emerson Soares Albano”
Meu nome é  Emerson Soares Albano, nasci na cidade de  Leopoldina, dia 16 de setembro de 1988. Venho falar sobre uma parte da minha vida, como acautelado do Presídio de Cataguases.
Em 2008 eu trabalhava de ajudante de pedreiro e fazia ‘bicos’ de montagem de som e como segurança, trabalhando em várias cidades da região. Durante essas viagens,  eu conheci bastante pessoas, fazia bastante amizade com pessoas que eu nunca tinha visto na minha vida. No ano de  2009 comecei a trabalhar na cidade de Astolfo Dutra, onde eu conquistei muitas amizades boas e ruins. Ali conheci a minha esposa, com quem moro até hoje. Depois de anos, comecei a trabalhar numa fábrica de doces em Cataguases, foi onde tive minha primeira oportunidade de trabalhar de carteira assinada.
Com o passar do tempo, as coisas vieram apertando, com o nascimento da minha filha Emili. Os ‘bicos’ foram acabando e as contas aumentando. Então conheci um amigo em Astolfo Dutra, sabia que ele fazia algo errado e por causa disso ele se  destacava no meio da rapaziada. Um cara bacana, boa pinta, mas aquele jeito que acha que é esperto, mas de esperto ele não tinha nada.
Comecei a me envolver, ele começou a trabalhar comigo. Via ele vendendo uns ‘papelotezinhos’, um aqui, outro ali,  e fui vendo que era fácil fazer aquilo ali naquela cidade. Passaram-se dois meses e comecei a vender maconha e cocaína, e trabalhava também na fábrica com carteira assinada. Com o passar do tempo, fui desanimando de trabalhar e fui ficando só por conta do tráfico de drogas, porque ali eu tinha mais recursos (assim eu achava). Abandonei meu emprego e minha família,  meus verdadeiros amigos se afastaram de mim, pois eu estava igual a um bicho. O poder foi subindo na mente, comprei moto e carro, já estava achando que era dono do mundo, conheci várias garotas, eu estava cego pelo poder do tráfico. Tudo o que eu queria eu tinha.
Até hoje eu tento entender por que me envolvi. Depois de dois anos traficando, a casa caiu. Fui preso dia 5 de novembro de 2011e aí eu enxerguei o que significava a palavra família. Amigo de verdade  é aquele que nunca te abandona na hora em que você mais precisa. E eu precisei muito, fiquei preso de novembro de 2011 a setembro de 2014, tempo em que  eu vi outro mundo, vivi outra vida, passei por muitas fases difíceis. Na prisão o tempo não passa. Conheci várias pessoas de várias cidades do Brasil, algumas que ajudavam e outras que não me deixavam prosseguir. Foi muito difícil, mas minha mãe Ana Nery, minha esposa Lenir e minha filha Emili me visitaram durante todo o tempo em que estive preso.
No presídio eu estudei e  terminei o ensino médio.  Algumas empresas dão oportunidade de trabalho para quem está preso e foi o que aconteceu comigo. Surgiu oportunidade de emprego num supermercado da cidade e eu me agarrei àquela chance para mudar minha vida.
Eu trabalho no mesmo supermercado até hoje.  Tornei-me um atleta do Jiu-Jitsu e hoje sou campeão Pan-americano (2015) e Sul-americano (2016)  do torneio de Jiu-Jitsu de Niterói (RJ). Também sou campeão do torneio “Rei do Tatame”(2016) da cidade de Mar de Espanha (MG) e, graças a Deus, sigo uma vida feliz com minha família.

*Emerson Soares Albano foi aluno da Escola Prisional e participou da pesquisa que originou este livro. O relato de sua história vem mostrar os elementos que podem explicar a situação vivida por inúmeros jovens que estão hoje encarcerados. Mostra a importância do trabalho na reintegração social e aponta para a necessidade da abertura de mais vagas nas empresas para aqueles  já cumpriram suas penas e buscam a chance do recomeço.   Acima de tudo, a história de Emerson é uma história de persistência e superação, de determinação e disciplina, que emociona a todos nós que o conhecemos durante o seu período de reclusão e que torcíamos pelo seu sucesso. 




Saiba mais sobre o livro no site: https://estudosobreocarcere.wixsite.com/idalinacnunes
Para adquirir o livro, entre em contato pelo e-mail: idalinadecarvalho@gmail.com
Preço: 30 reais

































quarta-feira, 14 de junho de 2017

LER E CONTAR, CONTAR E LER: Caderno de Histórias

LER  E CONTAR  - CONTAR E LER:  Caderno de Histórias
de Francisco Gregório Filho

Um velhinho de barba branca  e colete,  um molequinho de  calça e suspensório  soltando pipa, um moço com olhos que faíscam: tantos Chicos em um só Francisco! Ator, escritor, contador de histórias, cantador, encantador de palavras e de pessoas: é assim que eu vejo Francisco Gregório Filho.

Estou aqui folheando e lendo desaceleradamente este livro de sua autoria. Eu  leio as histórias e, enquanto meus olhos passeiam pelas páginas, eu as ouço pela voz mansa e gostosa dessa pessoa de longos e brancos fios de barba. Voltar no tempo é bom. Li certa vez um poemeto do qual não lembro a autora, mas o livro que leio me remete para aqueles versos: “medo dos olhos da minha avó: eles sabem onde estão as lágrimas que guardei na infância”. Entretanto, diferente da autora, eu não  tive avós e não temo voltar ao passado para recolher as lágrimas. É isso o que o encontro com Francisco Gregório traz de mais bonito: a oportunidade de desacelerar, de ouvir e mergulhar em histórias que nos levam ao nosso 'eu'  mais profundo.  
Eu pego agora o livro de capa verde e as páginas têm o mesmo cheiro dos livros novos que meu irmão José Luiz me trazia quando eu era criança. E as ilustrações, a disposição gráfica do texto são o cenário perfeito para as histórias que  fazem viajar no tempo e no espaço: "Barba Azul", "O nascimento das estrelas" e "Nascimento do amor" são algumas delas, as que mexem mais profundamente comigo. 

Gratidão, menino de barba branca, pela oportunidade de ter estado tão perto de você e sentir o seu abraço humano e poético. Suas palavras e sua voz abraçam todos aqueles que o ouvem. Artistas como você são eternos!    
         

Publicado pela Letra Capital, o livro tem 128 páginas e está em sua segunda edição.